terça-feira, 6 de setembro de 2011

Poetiza!


 Gracejos á meia luz.

 Quando já é tarde
 Ao soar da meia noite
 O fim do sono
 E o começo da prosa
 Ouço teus susurros
 Palavras ao pé do ouvido
 Que descem graciosas até minha boca
 Tomo então de teu cálice único
 Dedilhas meus cabelos com graça
 E em teus olhos cismados
 Vejo toda aquela dor passar
 O que nos resta então são palavras
 Que morrem sem sentir dor ou perda
 Quero mais!
 Mas ao soar do relógio
 Sei que vais me deixar
 A luz das velas tremulas ,já decadentes!
 Vai-se gentilmente entre sorrisos faceiros
 Contando com um gozo jamais tido.


O riso dos bêbados.

 Dançando entre eles á muitos
 Sorvendo cada peculiaridade dessa noite
 A chuva cai sem piedade
 Eles já não sentem as gotas geladas encharcarem as vestes
 Gritos e cantorias ao léu
 Me fascinam esses seres!
 Que outrora me causaram ódio
 Um ódio familiar ao amor
 Seguem em sorrisos exagerados
 Ao correr da hora
 Mas que hora?
 Afinal a hora é só uma matemática feita pelos homens para nos por em ordem
 E dar nome ao tempo
 Eles não crêem na ordem e nem no tempo
 E nem em todas as coisas que nos fazem civilizados
 E assim seguem dançando
 E assim seguem caindo
 Como um exército de fáscinoras sinceros
 Ouça os gritos!
 E os risos assustados e assustadores
 Assim segue-se essa orgia alcoólica!

 Segue a vida!

 Muitos me olham
 Muitos me xingam
 Quero gritar
 Estouras e até sumir
 Não fomos feitos com essa capacidade!
 Somos feitos para calar

 Usurpadora!
 Invejosa!
 Vagabunda!
 Maldita!

 E as vozes ecoam
 Batendo em cada parede que ousa estar no caminho

 Malditos!
 Infiéis!
 Bastardos!

 Replico em sofreguidão
 Em ausência de vós
 Em susurros de pura agonia
 Não quero me calar!

 Mas de fato nunca consegui dizer
 Choro então lágrimas entrincadas de poesia
 Recitando a minha própria ausência!


Meus

 Quando as palavras tomam vida eu não sei o que  fazer
 Deixo me dominarem
 Me picarem em mil pedaços
 Elas tem vida,mas e eu?
 Sou uma imaginação frívola dessas coisas?

 Gosto que me dominem
 Principalmente as palavras
 Elas sabem o que fazem!
 Extraem de mim até a última gota de vitalidade
 E assim posso me perder em sono profundo

 Ou seriam delírios?
 Nos quais os personagens de fato existem
 Mas eu os deixo mais bonitos ou gentis
 Crio encima da tua imagem caricata

 Inverto a tua pose
 Desdobro até onde me agrada
 Quem precisa de realidade quando tem as palavras.


 Questão de gosto

 Não gosto das canetas
 Prefiro os pincéis
 As canelas não deixam sujas as mãos
 Não dão a certeza do trabalho árduo da criação

 Prefiro as tintas marcando o chão
 Os pincéis mergulhados em água turva

 As canetas fazem o papel sofrer!
 Os pincéis não!

  Acariciam gostosamente a tela
  Até o ponto de ela não sentis que de fato está sendo marcada

 Já a canela machuca o papel até esse não notar o bem que ela lhe faz
 O prazer que ela lhe proporcionará

 Prefiro os pincéis
 Mas são as canetas que me aceitam
 Enquanto eles ,os pincéis riem de mim ao longe

Afinal,não sei mais como chegar até eles!

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